Quando ouvi falar pela primeira vez da história do cineasta Ivo Ferreira, preso no Dubai por consumo de haxixe, achei que não tinha percebido bem a notícia. Mas era verdade, o governo português tinha intercedido com um pedido de clemência... Concordo com a ideia de prestar apoio jurídico a compatriotas que estejam no estangeiro, de forma a poderem ser defendidos. Já não consigo perceber tão bem é a apresentação de um pedido de clemência, num caso em que não havia dúvidas sobre a culpa do cinesta... mas pelos vistos funcionou: Ivo Ferreira foi libertado no dia 10 de Maio.
Esta semana os telejornais voltaram a lembrar o caso dos portugueses detidos na Venezuela em Outubro do ano passado. Em particular referiram-se a Luis Santos, co-piloto da Air Luxor que se encontra em prisão domiciliária por alegado tráfico de droga. Neste caso não está provado que o co-piloto seja culpado - é até bem provável que não esteja - mas aqui o governo português escusa-se a intervir, alegando que «não é possível fazer mais nada porque o assunto está sob a alçada da Justiça venezuelana». Como assim?
Então é possível intervir em defesa de um português que praticou com efeito um delito no Dubai e não se podem fazer diligências para garantir uma defesa justa a outro português preso na Venezuela por alegado narco-tráfico?
Decididamente há coisas que não consigo compreender...
3 comentários:
será comparável dar uma passa num charro a transportar kilos (vários, muitos kilos) de cocaína????
Penso q será um bocadinho mais fácil pedir clemência para o primeiro caso, q aqui não é crime...
E se eu percebi bem a história da Venezuela, foi dado apoio jurídico, e até se conseguiu q uns viessem embora...
Talvez não seja comparável... Mas mesmo que dar uma passa não seja crime em Portugal é-o no Dubai . O que continuo sem perceber é a diferença de interpretação dos dois casos. Há algures no meio disto tudo alguma falta de coerência.
Para ser sincero não concordo com o pedido de clemência. Por muito que seja um mal menor em Portugal, no Dubai é punido, e o Ivo sabia disso. E como consequência desta opinião também não acho que o governo português se deva intrometer no caso Luis Santos. Salvo situações em que estejam em causa os direitos dos cidadãos portugueses não me parece que o estado português deva intervir.
Pensemos nisto ao contrário: Um indivíduo de outra nacionalidade comete em Portugal uma acção que representa crime, mas não o é no seu país. Achas bem que os representantes do país dele viessem "dar cartas" cá? Não era algo parecido com o que os EUA queriam com a imunidade dos seus cidadãos se apanhados noutros países?
Concordo contigo, Portugal. Nestas situações não pode existir uma dualidade de critérios... É comprometedor e indicador de parcialidade por parte da diplomacia portuguesa... Mas o que sei eu? Nos últimos tempos tenho ouvido insistentemente que 'o que é verdade hoje pode não sê-lo amanhã'... Beijos e parabéns pelo teu blog.
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