quarta-feira, maio 25, 2005

Há sempre uns mais iguais que outros...

Quando ouvi falar pela primeira vez da história do cineasta Ivo Ferreira, preso no Dubai por consumo de haxixe, achei que não tinha percebido bem a notícia. Mas era verdade, o governo português tinha intercedido com um pedido de clemência... Concordo com a ideia de prestar apoio jurídico a compatriotas que estejam no estangeiro, de forma a poderem ser defendidos. Já não consigo perceber tão bem é a apresentação de um pedido de clemência, num caso em que não havia dúvidas sobre a culpa do cinesta... mas pelos vistos funcionou: Ivo Ferreira foi libertado no dia 10 de Maio.

Esta semana os telejornais voltaram a lembrar o caso dos portugueses detidos na Venezuela em Outubro do ano passado. Em particular referiram-se a Luis Santos, co-piloto da Air Luxor que se encontra em prisão domiciliária por alegado tráfico de droga. Neste caso não está provado que o co-piloto seja culpado - é até bem provável que não esteja - mas aqui o governo português escusa-se a intervir, alegando que «não é possível fazer mais nada porque o assunto está sob a alçada da Justiça venezuelana». Como assim?

Então é possível intervir em defesa de um português que praticou com efeito um delito no Dubai e não se podem fazer diligências para garantir uma defesa justa a outro português preso na Venezuela por alegado narco-tráfico?
Decididamente há coisas que não consigo compreender...

3 comentários:

Anónimo disse...

será comparável dar uma passa num charro a transportar kilos (vários, muitos kilos) de cocaína????
Penso q será um bocadinho mais fácil pedir clemência para o primeiro caso, q aqui não é crime...
E se eu percebi bem a história da Venezuela, foi dado apoio jurídico, e até se conseguiu q uns viessem embora...

Jorge Portugal disse...

Talvez não seja comparável... Mas mesmo que dar uma passa não seja crime em Portugal é-o no Dubai . O que continuo sem perceber é a diferença de interpretação dos dois casos. Há algures no meio disto tudo alguma falta de coerência.
Para ser sincero não concordo com o pedido de clemência. Por muito que seja um mal menor em Portugal, no Dubai é punido, e o Ivo sabia disso. E como consequência desta opinião também não acho que o governo português se deva intrometer no caso Luis Santos. Salvo situações em que estejam em causa os direitos dos cidadãos portugueses não me parece que o estado português deva intervir.
Pensemos nisto ao contrário: Um indivíduo de outra nacionalidade comete em Portugal uma acção que representa crime, mas não o é no seu país. Achas bem que os representantes do país dele viessem "dar cartas" cá? Não era algo parecido com o que os EUA queriam com a imunidade dos seus cidadãos se apanhados noutros países?

Anónimo disse...

Concordo contigo, Portugal. Nestas situações não pode existir uma dualidade de critérios... É comprometedor e indicador de parcialidade por parte da diplomacia portuguesa... Mas o que sei eu? Nos últimos tempos tenho ouvido insistentemente que 'o que é verdade hoje pode não sê-lo amanhã'... Beijos e parabéns pelo teu blog.