quarta-feira, dezembro 28, 2005

O Madeiro

No post anterior tentei incluir um link para algum site onde a tradição do Madeiro de Penamacor estivesse explicada... mas não encontrei nenhum suficientemente completo. Assim, aqui fica uma breve descrição desta tradição beirã. Qualquer contribuição em relação a este tema é bem vinda.


Na noite de 7 para 8 de Dezembro os rapazes das sortes (jovens que nesse ano vão à inspecção militar) vão cortar os troncos (normalmente sobreiros velhos) que hão-de ser empilhados no adro da Igreja Matriz de Penamacor (Igreja de S. Tiago). Antigamente esta madeira era por vezes oferecida por grandes proprietários, outras vezes roubada... Actualmente costuma ser oferecida e retirada de terrenos da Câmara Municipal.
Também a forma como é arrancado, cortado e transportado o Madeiro até à vila sofreu alterações. Se antes era cortado à força de braços, com machados, hoje as moto-serras e recto-escavadoras substituem esse esforço. E já não é em carros de bois que os troncos chegam ao adro, mas sim em tractores e camionetas.
No local onde se corta o Madeiro a noite é muito concorrida. Há sempre muito e bom vinho e boa carne assada na brasa para os rapazes das sortes, para os que vão ajudar e para aqueles que só lá vão ver...

À saída da missa do dia 8 (Dia de Nª Srª da Conceição) chega o Madeiro ao destino, entre cantorias, buzinanelas e laranjas (roubadas pelo caminho) atiradas à população pelos jovens encavalitados em cima dos grandes troncos. É aí, no Alto da Praça, como é vulgar chamar ao adro em Penamacor, que aguarda, imponente, a chegada do Natal.

O costume diz que deve ser posto a arder na noite da consoada, quando os fiéis saírem da Missa do Galo, para aquecer o Menino, acabado de nascer.
Porém um grupo de jovens, há cerca de 15 ou 20 anos, por brincadeira ateou o fogo ao Madeiro na noite anterior à prevista. E nos anos seguintes a "brincadeira" manteve-se, vindo os Bombeiros apagar o Madeiro, sendo depois reacendido na noite correcta. Acontece que actualmente já há quem diga que esta é que é a tradição: acender o Madeiro na noite de 23 para 24. Não é. E pior, devido a esta nova tradição na noite de 24 o volume de madeira está já quase reduzido a metade.

A tradição diz também que um bom Madeiro deve durar até aos Reis. E esta tradição tem sido interpretada de forma a que cada ano se tente fazer um Madeiro maior que o anterior, chegando a ter dimensões muito superiores ao aceitável. No entanto, deitam no meio da pilha de troncos pneus e gasolina para arder melhor, logo mais rápido, e lá se vai mais uma tradição... ultimamente o Madeiro nem ao Ano Novo chega!

Algumas imagens que guardo associadas ao Madeiro são a de ver senhoras ir lá buscar brasas para a sua braseira, poupando assim algumas pinhas e carvão; era também frequente as pessoas ficarem à volta desta grande fogueira após a Missa, sendo que rapidamente apareciam uns garrafões de vinho, umas chouriças para assar, umas filhós, e enquanto se aqueciam (quer fosse pelo lume, quer fosse pelo vinho) lá surgiam espontaneamente as canções de Natal; lembro-me de uma figura típica, o Borreguinho, com o seu acordeão a acompanhar essas canções; e intercalada com as quadras que apresentei no post anterior ouvia-se ainda cantar:
Natal, Natal
Natal, Natal
Filhozes com vinho
Não fazem mal

terça-feira, dezembro 27, 2005

Natal em Penamacor

"Alegre-se o céu e a terra
Cantemos com alegria
Que já nasceu o Menino
Filho da Virgem Maria

Ó meu Menino Jesus
Ó meu menino tão belo
Logo vieste nascer
Na noite do caramelo

Entrai pastores, entrai
Por esse portal sagrado
Vinde adorar o menino
Que está nas palhas deitado"


Ao redor do Madeiro - grande amontoado de troncos colocados nos adros das Igrejas e ao qual é ateado o fogo na noite da consoada - era costume juntarem-se os que saíam da Missa do Galo e os que não íam e cantar o tema cuja letra reproduzi acima.

O Madeiro mantém-se, ainda que tenham mudado a tradição (sem razão aparente) de o pôr a arder de 23 para 24 de Dezembro. Mas as poucas pessoas que ainda passam por lá não ficam muito tempo e já não se ouve cantar o Menino Jesus...

Nota: Esta imagem é do Madeiro de Aranhas (Concelho de Penamacor)

sexta-feira, dezembro 23, 2005

Feliz Natal

Deixo-vos alguns postais de Natal que fiz(*) hoje... Podem sempre enviar a um(a) amigo(a)...

(*) Para evitar confusões devo informar que as imagens não são, obviamente, minhas (Com muita pena. Em particular a última). Eu só as aproveitei e incluí o texto... As duas primeiras são da GettyImages e a da gaja boa é do site da Playboy.





quinta-feira, dezembro 15, 2005

Fast X-mas


Nesta vida acelerada que levamos, até o Natal passa a correr!

quarta-feira, dezembro 07, 2005

...mais um!

Realizou-se mais um Celta. A décima segunda edição deste festival de tunas aconteceu nos dias 2 e 3 deste mês no Parque de Exposições de Braga.
Desde há treze anos que a Azeituna proporciona aos que gostam deste género musical (e também aqueles que só gostam da folia) um espectáculo de referência no panorama tunal português.

Organizar um certame com a dimensão do Celta significa muito mais do que os dois dias do evento podem deixar transparecer. Acabou agora o 12º e, o mais tardar no início de Janeiro, há já contactos que precisam ser estabelecidos para preparar o 13º.
Entre outras coisas, para poder apresentar cada edição do Celta, a Azeituna precisa reservar com antecedência o espaço (PEB), enviar os convites para as tunas participantes, alugar luz e som profissionais, garantir alojamento e refeições às tunas participantes (cerca de 25 elementos por tuna) durantes os dias do certame, preparar material de divulgação e fazer essa mesma divulgação, realizar festas nas noites do festival para confraternização dos tunos...
Pelo meio ficam ainda uma quantidade de outras tarefas, igualmente importantes para o sucesso da festa, como a decoração do espaço onde decorre o espectáculo, envio de convites a todas as personalidades e entidades que de alguma forma ajudam à concretização do Celta, criação do júri, envio de press-releases... Estes são, talvez, os trabalhos maiores ou mais dispendiosos.

E como fazer para conseguir pagar tudo isto?
Essencialmente conseguindo patrocínios, realizando mais umas quantas festas nos dias que antecedem o Celta (servem também como forma de promoção) e com as receitas da bilheteira.

Aos que apelidam os elementos das Tunas de borrachões, que dizem que andam na Universidade só por causa dos copos e a roubar lugar aos que querem estudar, eu pergunto: Quantas vezes já se envolveram em projectos de envergadura semelhante? Acham-se capazes de meter mãos-à-obra num qualquer evento do vosso agrado?

Há, nas Tunas como em tudo, excessos que são condenáveis, mas não serão estes agrupamentos universitários um bom tubo de ensaio para preparar cidadãos dinâmicos e participativos?